lunedì

:: Pose Real...








Possui um lado majestoso inegável, como se pertencesse a uma classe à parte. Oriunda de uma nobre família escocesa do norte da Escócia, Tilda Swinton foi colega de turma da Princesa Diana, no prestigiado West Heath Girl’s School, tirando depois o curso de Ciências Políticas e Sociais em Cambridge. Cedo substituiria um destino marcado por uma incessante procura. “Provavelmente,
o meu destino seria casar com um duque”, diz, divertida, na nossa entrevista. Contudo, esse destino moldou-o ao longo de uma colaboração artística ao serviço do iluminado realizador Derek Jarman. “Ele mudou o rumo da minha vida.
”É também variada a paleta de estilos que acompanha a sua impressionante galeria de personagens. De Orlando a Vanilla Sky, de As Crónicas de Nárnia a Julia, podemos comprovar a feroz absorção que coloca em cada papel.


Na cerimónia de entrega dos Óscares, onde viu o seu trabalho reconhecido com o Óscar de Melhor Actriz Secundária em Michael Clayton.Hoje, Tilda Swinton continua a ser uma actriz verdadeiramente avant-garde.
Alta, inteligente e muito elegante, recebeu o Óscar pelo magnífico trabalho em Michael Clayton. Na altura, usou um longo e austero vestido negro de Lanvin, em nítido contraste com o sumptuoso traje dourado de Dior com que colheu o prémio BAFTA pelo mesmo filme.
Foi precisamente esse momento de glória e exposição mediática que a actriz de 47 anos escolheu para comunicar ao mundo a relação amorosa com Sandro Kopo, um jovem pintor neozelandês, de 29 anos, nascido na Alemanha, mantendo embora de uma forma platónica a proximidade com John Byrne, de 67 anos, o companheiro de quase 20 anos de vida e o pai dos gémeos Xavier e Honor, de nove. Para culminar a surpresa, garante que os três vivem felizes neste ménage à trois. “Somos todos bons amigos”, referiu numa entrevista na época.
Naquele final de manhã, na capital alemã, sorriu ao chegar para a entrevista marcada. Soberba, de saltos altos e com o intenso cabelo ruivo em forma de cornucópia, Tilda assumia uma figura quase irreal. Ao vivo, parecia ainda mais esguia do que nos filmes. E o seu olhar ainda mais verde.
Fala com um impecável sotaque british, embora seja capaz de trocá-lo pelo de uma americana de gema. Atenciosa, fala, ri e abraça cada frase com gestos discretos.
Os seus olhos são realmente muito verdes.
Essa é a cor natural?
Sim, a menos que esteja a usar lentes de contacto, o que às vezes acontece. Por exemplo, em Michael Clayton usei lentes de contacto azuis.
De facto, o seu olhar muda. Já agora, como vê essa personagem que lhe deu a primeira nomeação para um Óscar [que viria a ganhar]?
Apesar da fúria e ambição, acaba por tratar-se de uma mulher extremamente real…Sim, eu conheço várias. E até usam o mesmo corte de cabelo e a mesma roupa [risos]. Ela é uma mulher soldado. É assim que a vejo. Alistou-se numa corporação e a uma maneira de ser. De uma forma militar, está disposta a não pedir ajuda.


As Crónicas de Nárnia É importante para si ganhar
um Óscar?
Se quer que lhe diga, não sei bem responder. Não é propriamente o meu mundo. Ouço dizer que os Óscares são importantes para as pessoas. Eu fico contente por isso. Digamos que não produz um grande impacto na minha vida.
Mas terá no seu trabalho, certamente.Acha?
O que espero é que faça aumentar o preço do meu trabalho. Realmente, essa é a única forma de me ajudar. Ou então que alguns projectos menos sonantes em que participe possam obter mais dinheiro. Isso, sim, seria fantástico.
Já explicou aos seus filhos o que significa essa estatueta?
Não. Eles não fazem a menor ideia do que faço.
A sério? Não estará a protegê-los demasiado do seu mundo? Pelo menos dos filmes em que participa.
Mas eles não podem vê-los [risos].Bom, alguns podem, como Nárnia.Realmente, esse é o único que podem ver. O primeiro, pois este que agora aí vem, O Príncipe Caspian, já não podem. Percebe? Um dia destes viram quando fomos ao cinema e disseram que as pessoas falavam demasiado alto… Acho que são muito novos.


Filme Michael Clayton Onde é que vivem?
Vivemos no noroeste da Escócia, perto de Inverness. Infelizmente, na nossa pequena cidade não existe nenhum cinema. Por isso, temos de ir de carro e perder pelo menos meia hora para ver um filme.
Li algures que a Tilda descende de uma família escocesa muito antiga, é verdade?
Sim, é essa a lenda.Só que não é apenas uma lenda…Não é. Mas todos nós descendemos de grandes famílias. Nunca percebi porque é que existe tanta curiosidade. Todas as nossas famílias são antigas. A minha família tem uma situação relativamente rara, pois viveu sempre no mesmo local durante muito tempo.
Depois de tirar o seu curso de Ciências Políticas, era suposto seguir essa via?
Dada a minha origem, não era sequer suposto eu ir para Cambridge. Acho que o mesmo destino era casar com um duque. Mas como não me casei com um duque, todas as apostas foram canceladas… E fiquei livre muito cedo.
Qual é a sua razão para fazer o que faz, representar?
Eu fui muito mimada quando comecei a trabalhar com o Derek Jarman. Trabalhámos de uma forma bastante familiar. Percebi logo que era disso que eu gostava.


AristocráticaTilda Swinton faz parte de uma classe à parte de actores cuja presença só por si enche um ecrã. Majestosa, austera, a sua figura é quase irreal.
O que acha que define um homem de uma mulher em termos de representação?
Acha que o sexo é uma linha definidora?
Acho que isso é um mistério que continua por ser resolvido. Depois de ter passado grande parte do início da minha carreira com trabalhos em que não existia essa diferença entre homens e mulheres, Deus deu-me um par de gémeos [um rapaz e uma rapariga]. Logo nessa altura percebi que a diferença existia [risos]. Enquanto um só gosta de bater com coisas, o outro está interessado nas pessoas. [risos] Mas eu não disse qual era – o rapaz ou a rapariga… [risos]
É um processo que continua. É um laboratório em permanente experiência.
Mas considera que as mulheres têm as mesmas oportunidades do que os homens?
Por exemplo, Keira Knightley parece ter alguma dificuldade em sair dos papéis românticos. No entanto, não parece ser o seu caso.
Sabe, desde cedo evitei os papéis românticos e quando tinha a idade da Keira Knightley o que eu queria era ter 40 anos.
A sério?
A verdade é que passou sempre por papéis muito diversos.
Eu sei, tive muita, muita sorte. Parece que as pessoas estão mais interessadas em mulheres mais velhas, mas não é essa a minha experiência. Parece que no meu caso ainda não estão fartos de mim.