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:: O Sabor da Vida... Natalie Portman...



















































































São raras as actrizes com o talento, a beleza e a inteligência de Natalie Portman. Mas a estrela não consegue acreditar em si própria e no seu potencial. My Blueberry Nights – O Sabor do Amor é mais um filme a desmentir essa convicção.
Embora aparente ser muito segura e determinada em alguns dos meus papéis, na minha vida pessoal sofro de muita falta de autoconfiança”, admite Natalie Portman, uma actriz de 26 anos que já nos ofereceu tantas e tão extraordinárias e diversificadas performances, como demonstra o seu trabalho em Duas Irmãs, Um Rei, Perto Demais, V de Vingança, e, agora, My Blueberry Nights – O Sabor do Amor. “Acho que, nesse domínio, não sou muito diferente de muitas outras jovens, mas pelo menos não finjo que estou sempre na maior. Estou a tentar enfrentar muitas questões que me coloco acerca do meu trabalho e das minhas relações com outras pessoas. Talvez às vezes seja demasiado auto-analítica e autocrítica, mas acho que isso me mantém os pés assentes na terra e me dá a consciência de até onde posso ir.”


Natalie é tudo menos maldosa, como Ana Bolena, a mulher que seduziu Henrique VIII e o fez divorciar-se de Catarina de Aragão. Scarlett Johansson interpreta Maria Bolena, a irmã, muito mais gentil e doce, cuja relação com o rei acaba por ser impossibilitada pelos esquemas de Ana. Apesar da rivalidade entre as duas personagens, Natalie gostou de se tornar grande amiga de Scarlett durante as filmagens em Inglaterra, no ano passado. “Sou filha única e cresci a desejar ter uma irmã como Scarlett. Estou muito contente por termos ficado amigas. Ela é uma mulher fantástica!”Na entrevista que se segue, Natalie Portman, de 26 anos, fala abertamente da sua vida – cada vez mais preenchida – de actriz, das participações em várias campanhas de apoio ao Terceiro Mundo e da sua incipiente carreira de realizadora. No ano passado, Natalie viajou pelo Ruanda num documentário do Discovery Channel sobre a ameaça à população de gorilas e este ano vai realizar A Tale of Love and Darkness, baseado no romance Uma História de Amor e Trevas, do autor israelita Amos Oz.

“Adoro a intimidade que se partilha com um companheiro e o tipo de coisas de que se pode falar quando a relação se aprofunda.”

Reclinando-se no sofá da sua suite de hotel em Berlim, Natalie Portman parece hoje mais feminina e sedutora. De cabelo comprido, com madeixas louras, brilha num elegante vestido Dior preto.O filme Duas Irmãs, Um Rei coloca-as, a si e a Scarlett Johansson, em papéis de certa forma opostos aos que tradicionalmente costumam interpretar.[Natalie ri] Scarlett faz normalmente papéis de mulheres muito atrevidas e eu tenho uma imagem mais dócil, embora tenha interpretado algumas mulheres algo ousadas nos últimos anos. Mas achei muito interessante interpretar a irmã maquiavélica da personagem delicada de Scarlett.


Recentemente fez outro filme histórico, Os Fantasmas de Goya. E agora Duas Irmãs, Um Rei fá-la também recuar no tempo. De que forma é que isso a influencia do ponto de vista de interpretação da personagem?A história e as emoções da personagem são ainda muito importantes no mundo moderno. A emoção humana não muda. Acho que uma das coisas que nos é mais difícil de imaginar é como a História pode ter sido sexy, cheia de mexericos, com glamour. Por tudo o que li sobre a época de Henrique VIII, a vida era ainda mais espectacularmente tortuosa, complexa e retorcida do que por vezes parece hoje em dia. A única coisa que mudou é que agora os meios de comunicação social exploram as sensibilidades humanas e manipulam as nossas emoções muito mais do que no passado.Parece que a Natalie e a Scarlett se tornaram grandes amigas.Estou muito contente por tê-la como amiga. Passámos muito tempo juntas enquanto rodávamos o filme e mantivemo-nos em contacto desde aí. O que eu mais aprecio na Scarlett é ela ser tão cheia de energia e fazer com que eu seja mais extrovertida.


Por que razão é, por vezes, tão reservada?Parece que sou mesmo assim. Actriz criança num mundo de adultos, era necessário comportar-me de forma mais séria do que a maior parte das crianças ou adolescentes. Não me permitia a liberdade de me comportar de outra forma. Também sou muito determinada e disciplinada, e isso tende a tornar-nos mais sérios e, aparentemente, mais introspectivos do que poderíamos querer parecer. Além disso, sou filha única e por isso o meu dia-a-dia era conviver com adultos. E quando isso acontece, tornamo-nos muito precoces. Adaptamos todo o nosso comportamento para se adequar a um mundo de adultos, falamos e comportamo-nos mais formalmente – como um adulto.Isso foi frustrante?

“Não sou pudica, mas tenho alguma dificuldade em lidar com a situação de ser objecto sexual nos filmes.”

Na realidade, não conhecia outra forma de estar. Mas aprendi a ser uma boa observadora e desenvolvi a capacidade de imitar comportamentos adultos. Foi um bom treino para me tornar actriz! [Ri]Disse em tempos que estava sempre a esforçar-se por ser mais aberta e descontraída.[Natalie sorri] É um dos dramas da minha vida pessoal. Estou a tentar ser mais despreocupada e menos inibida quando me encontro com as pessoas pela primeira vez, mas continua a ser um pouco difícil para mim. Ainda estou na fase de ultrapassar o facto de tentar agradar às pessoas e ser uma boa menina. Foi essa a minha forma de me afirmar enquanto criança num mundo de adultos.


Mantém o seu círculo de amigos muito restrito?Sim. Não há muita gente de quem me sinta próxima, mas com os meus amigos tenho uma relação muito boa e profunda. Sinto necessidade de me proteger nesse sentido. Fico muito ansiosa em situações em que não conheço bem as pessoas e também não quero dar a conhecer muito de mim própria. É o meu lado reservado.Na sua relação com os homens, sente que consegue baixar a guarda?Não tenho problemas com isso. Adoro a intimidade que se partilha com um companheiro e o tipo de coisas de que se pode falar quando a relação se aprofunda. É essa a beleza de uma relação amorosa – sentimos uma maravilhosa liberdade para partilhar a nossa vida, mesmo que não seja essa a nossa natureza. É uma das coisas mais gratificantes de se ser íntimo de alguém e de se estar apaixonado.Qual é, para si, a importância de fazer trabalho social activo em várias áreas como, por exemplo, o que fez no documentário sobre os gorilas ameaçados do Ruanda para o Discovery Channel?É muito importante para mim. Tentei construir uma vida afastada das câmaras. Estou muito empenhada em causas como a Finca, uma organização internacional que contribui com pequenas quantias para ajudar as mulheres a ganhar dinheiro, criando pequenas empresas, e a serem auto-suficientes. Viajei por todo o mundo com a Finca, da Guatemala ao Uganda e de volta ao Equador. Isso abriu-me os olhos para o modo como vive o resto do mundo. Este tipo de projectos diz-me muito e faz-me sentir menos conflitos internos sobre a forma como a indústria cinematográfica consegue, por vezes, ser tão superficial.


Sente que a sua vida pode, de algum modo, ter tomado um rumo diferente por se ter tornado tão famosa e bem sucedida tão nova?Não. Isso podia facilmente ter acontecido, mas acho que a minha decisão de ir para a universidade [Harvard] e viver uma vida normalíssima de estudante me ajudou a redescobrir-me, pois tive a oportunidade de conviver com as chamadas pessoas normais, que na realidade são, elas próprias, brilhantes e talentosas. Não me senti deslocada e isso deu--me uma sensação de segurança que não tinha antes, porque não tive a adolescência que a maior parte das pessoas daquela idade vivenciou. Sempre estive muito ocupada e motivada como actriz e, na universidade, aprendi a conviver melhor com os outros, a conhecer uma vida que não tem nada a ver com a indústria cinematográfica nem com a vida algo estranha que a fama nos traz.Teve sempre tendência a fugir de cenas excessivamente sexuais ou de nudez. Mas, recentemente, apareceu nua em Hotel Chevalier, de Wes Anderson, uma curta-metragem que precedeu Darjeeling Limited, do mesmo realizador. Porque é que o fez?[Natalie abana a cabeça e sorri] Por vezes, queria não ter feito essa cena. Mas, por outro lado, é também uma maneira de enfrentar essa questão complicada que é expormo-nos dessa forma. Não sou pudica, mas tenho alguma dificuldade em lidar com a situação de ser objecto sexual nos filmes. Quando uma actriz resolve fazer uma cena de nudez, todas as conversas acerca do filme giram em torno desse facto, o que eu acho uma estupidez. Sobrepõe-se ao objectivo global do filme. E depois há ainda o facto de, em apenas algumas horas, todas as nossas imagens de nudez serem colocadas em milhares de sites pornográficos da Internet. Mas estou disposta a fazer esse tipo de cenas num filme em que isso constitua uma parte importante da história e do percurso da personagem. O sexo é uma parte muito importante da vida e, muitas vezes, nos filmes, acho muito bonitas as cenas de amor. Quando saíram, nos Estados Unidos, as críticas sobre o Hotel Chevalier, vi que metade delas só falava da minha nudez. Isso tira-me a vontade de fazer esse tipo de cenas.


A versatilidade de Natalie Portman demonstrada em filmes como, Paris Je T’aime, My Blueberry Nights – O Sabor do Amor, V de Vingança, Duas Irmãs, Um Rei, Perto Demais e Hotel Chevalier.

Vai com frequência a discotecas para dançar ou divertir-se com os amigos em Nova Iorque ou Londres, onde passa grande parte do tempo?Não sou muito de festas. Gosto de estar com os meus amigos – que são, na sua maior parte, da universidade – em cafés ou em sítios onde não me reconhecem. É uma situação muito diferente da de sair com os meus amigos actores ou ir a festas chiques, porque aí, como há câmaras por todo o lado, nunca sabemos se podemos aproximar-nos de alguém ou baixar a guarda. Por isso, é difícil festejar com um amigo ou mesmo com o namorado. Não queremos as nossas fotografias publicadas em todos os jornais e revistas.Ao contrário de tantas outras celebridades, manteve a maior parte dos seus relacionamentos afastados da imprensa. Isso é importante para si?Acho que devemos proteger esse espaço da nossa vida, sob pena de nos sentirmos muito vazios e expostos. Pensamos estar a partilhar uma maravilhosa intimidade com o companheiro e depois vemos as nossas fotografias na imprensa. Assim, aprendemos a evitar muitos locais. Mas como Nova Iorque e Londres são cidades enormes, conseguimos encontrar alguma privacidade se formos cuidadosos.De que forma é que a sua percepção das relações amorosas mudou ou evoluiu ao longo dos anos?Para mim, trata-se apenas de compreender melhor como as pessoas mudam ao longo do tempo e como as nossas emoções passam por diferentes estados e evoluções. É preciso prestar muita atenção aos sentimentos e necessidades do companheiro e, ao mesmo tempo, tentar definir as nossas próprias necessidades. As relações afectivas serão, por definição, uma coisa muito complicada, mas estou a descobrir que se tornam mais interessantes à medida que vamos aprendendo mais sobre nós próprios e como encontrar um equilíbrio com o outro. Nesse domínio, a aprendizagem é contínua.






Adoro a intimidade que se partilha com um companheiro






e o tipo de coisas de que se pode falar quando a relação






se aprofunda.”






:: Nas mãos da Criação...






































































MULHER & CARREIRA
Susana António, Andreia Tocha, Sílvia Gomes e Leonor Hipólito criam candeeiros, jóias, sapatose carteiras.
Quatro jovens designers dedicadas à moda.
“Sempre tive muita vontade de que o design tivesse uma vertente social importante e não fosse apenas feito de coisas bonitas.”
As palavras são de Susana António, de 29 anos, licenciada em Design de Equipamento na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e no Politécnico de Milão. Reportagens, entrevistas e muitos telefonemas confirmaram aquilo que levou
dois anos (e muita persistência) a comprovar:
Susana tinha tido uma boa ideia: criar carteiras e sacos artesanais com algumas artesãs idosas, utilizando saberes que se estão a perder. “É uma maneira de mostrar que, noutro contexto, os velhos bordados que achamos demodé ficam muito bem aplicados a outro tipo de coisas.”Tudo começou “por uma grande vontade de trabalhar com os lares de idosos, com pessoas que estão sozinhas e precisam de um estímulo para se sentirem úteis. Queria mostrar que os idosos
são uma peça fundamental da nossa sociedade, que têm muito para nos ensinar, em termos de ferramentas relacionadas com este artesanato que está a morrer”. Enviou mais de 150 cartas para lares em Lisboa, a explicar o projecto. Nem uma resposta. Passaram-se dois anos. “Achei que nunca ninguém ia dar valor à ideia”, conta, de olhos embargados.


Leonor Hipólito, professora de Joalharia na Ar.Co, faz “jóias orgânicas”, indo buscar inspiração a formas nos livros de anatomia e medicina.


Enganara-se. De um dia para o outro, entrou no restrito grupo de quatro designers portugueses da exposição My World, New Crafts, da experimenta
design 2005, ao lado de um dos seus ídolos nacionais, Fernando Brízio. A mostra pretendia explorar “a crescente aproximação entre o artesanato e o design nos primeiros anos do século XXI”, e provar que, com a “combinação de criatividade individual e proximidade dos materiais ou do fabrico, o artesanato reinventa-se”. O trabalho de Susana António parecia feito de encomenda…Hoje, a partir do seu atelier no Chiado (Rua da Anchieta, 13, 1.º direito, Lisboa), coordena um
projecto de oficinas criativas com idosos em colaboração com a Câmara Municipal de Cascais no âmbito do design de objectos para a casa e começa a
ver os seus produtos à venda em Madrid.Susana começou por conceber 10 carteiras para a experimentadesign: “Três com uma senhora de Alfama e as outras com duas pessoas de lares de Setúbal.” O sucesso foi de tal ordem que o processo se inverteu: se, antes, a hercúlea tarefa era captar o interesse das
artesãs idosas, agora choviam telefonemas de mulheres interessadas em trabalhar com aquela menina de sorriso luminoso.A moda está em cada linha destas carteiras. E cose cada ponto da história de vida de Susana. A culpada é Florinda Cebola, 87 anos, a avó, “costureira, impulsionadora deste meu envolvimento com os lavores desde pequena. Sempre que estamos juntas,
fazemos qualquer coisa. Acho que foi uma maneira de nos ligarmos emocionalmente...” E se foi a avó que a despertou para este admirável mundo
dos fios, também ela foi uma das primeiras a conceber uma das suas carteiras, acreditando no projecto desde o início.Um projecto chamado Pick it
(www.pickit-design.com). Carteiras para pegar e conhecer quem está por trás daquele lindo patchwork. Em cada peça, um cartão serve de bilhete de identidade: uma foto acompanhada de um pequeno comentário e do contacto
da artesã liga inexoravelmente o comprador ao criador. Segundo Susana, “é uma maneira de afirmar que quem faz os objectos é uma peça primordial neste jogo do design”.


Em cada carteira Pick it, de Susana António,há um cartão muito especial que
liga o comprador à artesã.


Susana António estudou um ano em Milão. Sílvia Gomes viveu lá oito. Ambas assumem a importância dessa experiência no trabalho que realizam hoje. Para Sílvia, foi tão fulcral que não hesita em “acusar” a cidade de a empurrar para o mundo da moda: “Conheci pessoas que trabalhavam na área e foram elas que viram alguns desenhos meus e me deram coragem para criar uns protótipos. Levei-os a algumas lojas... e foi tudo um bocado rápido. Só aí comecei a ver
como era o mundo da moda.”Nessa altura, Sílvia tinha uma colecção muito pequena de cintos e bastou bater à porta de um showroom em Milão para encontrar clientes como Isetan, o renomado department store em Tóquio.
“Esse foi o meu pontapé de saída.” Como não fazia sentido continuar apenas
com os cintos, pensou criar uma colecção de acessórios mais global e séria. Surgiram assim as grandes e dramáticas jóias de lã e os colares em jersey de algodão entrançado e bordado, vendidos na Colette em Paris (onde a Björk comprou um dos modelos).“Tinha a oportunidade de trabalhar em Portugal
com a minha irmã e o meu cunhado, que tem uma fábrica de calçado no Norte. Começámos em 2005 e estou agora a desenvolver a nova colecção Primavera/Verão 2009, após um breve período de pausa em que me dediquei sobretudo à criação de uma nova linha de calçado para a Maje, uma marca francesa de prêt-à-porter feminino. É uma área muito difícil, requer muita técnica, há muitas regras a cumprir, muitos materiais a assemblar e portanto muitas indústrias envolvidas. Às vezes, a ideia inicial perde-se durante o processo.” Sílvia é angolana de nascença, mas viveu desde sempre em Aveiro e mais tarde no Porto. Estudou Design Gráfico na Escola Superior de Artes e
Design, no Porto, e fez um semestre de Joalharia na Ar.Co, em Lisboa.
Florença impunha-se como o destino seguinte. As poucas oportunidades de trabalho empurraram-na depois para a capital italiana da moda.Odd and Even.
A marca de sapatos desenhados por Sílvia Gomes em Itália e produzidos em Portugal é intencionalmente internacional (Paris, Tóquio, Londres e Milão
são as cidades para onde mais exporta). A tradução significa “par e ímpar”,
e o que, à primeira vista, pode parecer cliché, pode tornar-se uma boa metáfora
para quem, como Sílvia, visa a diversidade.


Viver oito anos em Milão foi decisivo para o interesse de Sílvia Gomes pelo
mundo da moda.


Para esta designer de 34 anos, os sapatos ideais têm de ser cómodos e com carácter, mas têm também de “dar uma certa individualidade e dizer algo da personalidade de quem os calça”. E o facto de não ter estudado moda, em vez de dificultar, parece tê-la ajudado a criar “uma linguagem completamente díspar. Na próxima colecção de Verão 2009 espero aumentar a distribuição em Portugal, onde vendi apenas algumas peças na Clube Chocolate e na La Paz, ambas no Porto”.As peças assinadas por Andreia Tocha podem comprar-se na Embaixada Lomo-gráfica, na Sem Sim (Bairro Alto). Opções não faltam para brilhar com a originalidade desta designer lisboeta de 31 anos. A reutilização de botões de
todas as cores e feitios em colares, brincos e pregadeiras parece entusiasmar a população feminina em geral. Foi exactamente pela resposta tão representativa às suas criações de joalharia que Andreia optou por continuar esta produção: “Decidi participar numa feira de solidariedade e desafiaram-me a criar alguma coisa. No final, vi que havia público para aquelas peças.”Licenciada em Design Industrial pela Universidade Lusíada, sempre se sentiu me-lhor na sua pele criadora nos momentos em que dá forma a candeeiros. Ilumina-se o olhar só de falar: “Comecei com a reutilização de pacotes de pastilhas elásticas, de leite,
para fazer candeeiros e poltronas. A essência do meu trabalho é transformar desperdícios em objectos, lixo em luxo.”Falar do trabalho de Andreia é caminhar pelos campos quase filosóficos da reciclagem, mas é também praticar um exercício de estilo: embalagens de água oxigenada, dos sumos Compal e de bolachas, papel de escritório pintado por ela tornam-se matéria-prima glamorosa e inimitável (tel. 96 426 76 37). E de uns objectos nascem outros...O mesmo acontece com a Praline, de Leonor Hipólito, uma colecção onde os papéis de bombons são mais preciosos que o chocolate, também apresentada na exposição My World, New Crafts, da experimentadesign 2005, e mais recentemente na Galeria Reverso. “São jóias onde utilizo papéis de bombom como se fossem materiais nobres, juntando-os ao ouro e à prata”, descreve.


Andreia Tocha dá forma a candeeiros e poltronas, transformando desperdícios em objectos, “lixo em luxo”.


O objectivo era questionar o valor das jóias, “mostrar que valor vai mais além do material”. Usando o prateado e azul da prata do Bacci, o dourado do Ferrero, o vermelho do Mon Cheri e o verde de uns bombons alemães, a designer de 33 anos criou uma série de jóias. Belas e desarmantes.Esta é uma de duas facetas da obra de Leonor. A outra, mais permanente e constante, explora o corpo humano, a noção que temos dele e a nossa relação com ele, com as pessoas que nos rodeiam e o seu circundante. Em última instância, “a nossa relação com a natureza. A dualidade consciente/inconsciente está sempre muito presente no meu trabalho. Faço jóias orgânicas, mas não no sentido escatológico”. Não admira, pois, que retire formas dos livros de anatomia e medicina. Leonor não hesita: “São a minha grande fonte de inspiração.”Na sua primeira exposição individual, na Galeria Reverso, em Lisboa, provava isso mesmo: “Foi em 2003 e apresentei uma colecção que marcou uma nova fase no meu trabalho. Tinha a ver com a ideia de segunda pele, com essa malha formada pelas células.” Esta mostra vinha na sequência de uma outra colecção ligada aos objectos geneticamente manipulados, “onde a célula era a base, a identidade/individualidade e, ao mesmo tempo, união entre todos nós”.Leonor é actualmente professora na Ar.Co, no departamento de Joalharia, mas não estão longe os anos de estudante “emigrante”. Terminou o curso de Design de Joalharia em 1999, na Gerrit Rietveld Academie de Amesterdão, e é, para ela, inquestionável o valor dessa experiência. Na Parsons School of Design, em Nova Iorque, onde esteve seis meses, explorou o lado técnico.Ainda não tinha acabado a sua odisseia escolar e já tinha elegido os materiais com que acabaria por trabalhar quase em permanência: resinas, vários tipos de borracha, tecidos, elásticos, madeira misturam-se com a prata e entre si para criar jóias únicas e de assinatura bem demarcada (vendem-se na galeria Adorna Corações, no Porto). Arte para usar e tornar especiais todos os dias.







:: Fala-se de: Ajuste de contas Real!!!...

Ajuste de contas real
A filha ilegítima do rei Alberto da Bélgica, Delphine Böel, publicou uma autobiografia na qual, com amargura, ataca o monarca por a ter renegado. Delphine, de 40 anos, casada e mãe de uma bebé, é uma artista plástica com trabalhos em todo o mundo e cuja obra mais recente (duas esculturas revelam os reis Alberto e Paola como porcos) será exposta numa prestigiada galeria em Ghent. Nasceu em 1968, filha da relação amorosa entre a mãe, Sybille de Selys Longchamps, uma baronesa casada com um magnata do aço, e o rei Alberto. A relação manteve-se durante quase duas décadas, quando o casamento do rei atravessou uma fase crítica. Delphine só soube, aos 18 anos, quem era o pai.
Manteve em criança algum contacto com o rei, mas não o vê há mais de 15 anos.