martedì

:: Pensar...


Preocupe-se mais com seu carácter
do que com sua reputação, porque
seu carácter é o que você realmente é,
enquanto a reputação é apenas o que
os outros pensam que você é.
John Wooden

:: Fala-se de ...


:: O Arquipélago da Insónia, António Lobo Antunes ...

sabato

:: Pensar...


Para muitas pessoas a felicidade é semelhante a uma bola: querem-na de todo jeito e, quando a possuem, dão-lhe um chute.
Mário Glaab

:: Dupla Fezada...


Este Chocolate não engorda e não amarga, mas enfeitiça. É a mais recente aventura de Maria João e Mário Laginha, caminhos cruzados há 25 anos em nome da música. Para variar, vamos ouvi-los falar.

A resposta chega espontânea, escandalizada? “Almas gémeas, nós?! Nada disso, não, nunca: somos, quanto muito, almas complementares… Temos, isso sim, uma funcionalidade de dupla que muitas vezes se confunde com um infinito prazer.” “Nós”, neste caso como nas histórias mais bonitas, são uma
ela e um ele. Ela: Maria João Monteiro Grancha, 52 anos, que, pelos lugares improváveis em que coloca a voz, acabou a dispensar os apelidos. Ele: Mário João Laginha dos Santos,
48 anos, que já gravou no piano e na composição, o primeiro dos nomes próprios e o primeiro dos nomes de família. Ambos lisboetas e capazes de darem a volta ao Mundo por um bom tema. Estão, agora, a cumprir os primeiros concertos de lançamento de um novo disco, Chocolate, que, entre outras missões, assinala os 25 anos – intermitentes – de trabalho conjunto.Tenha em conta quem lê que “dividir para reinar” nem sempre é táctica inimiga. Na circunstância, foram as condicionantes geográficas que obrigaram a conversas – telefónicas – individuais. Maria e Mário acabaram a falar um do outro, como se impunha, com rigor, e como se esperava, com ternura. Ela: “Somos um bom exemplo de uma democracia que funciona. Conhecemo--nos muito bem, repartimos as tarefas – ele faz a música e eu exerço sobre ele a minha influência perniciosa, eu faço as letras e ele não pára de dar opiniões sobre elas – mas temos uma importância igual no resultado.” Nem sempre foi assim. Em 1983, ele era, entre outras actividades, o pianista do Quinteto Maria João, que se estreava em disco com standards (Lover Come Back To Me, Stormy Weather, Anthropology, Blue Moon, Comes Love). Dois anos depois, ela cantava, com palavras de Eugénio de Andrade, a primeira composição que ele lhe reservou: Areias de Laga. Zangaram-se. Além disso, ela optou por fixar cartaz na Alemanha e por se fazer acompanhar, mundo fora, pela pianista japonesa Aki Takase. Reencontraram-se em 1992: ela gravou Sol com o Grupo Cal Viva, de que ele fazia parte. Depois disso, conta ele: “A João telefonou-me a dizer que tinha tido um gozo incrível e que achava que nós devíamos continuar a trabalhar juntos. Ora eu, que me tinha zangado com ela por causa dos atrasos, sentia a mesma coisa – os anos fazem com que uma pessoa cozinhe os sentimentos e as raivas… Aceitei.
E ainda bem.” Em Danças (1994), Maria João assinava e Mário Laginha entrava no featuring. Em Cor (1998), os nomes estão já em paralelo, respondendo à fotografia, a iminência de um beijo. E, sempre que voltaram a gravar juntos, a paridade manteve-se.Abre-se a lista de discordâncias, pacíficas e inocentes, capazes de fazer sobressair as individualidades: quando é que ele, compositor, começou a pensar especificamente nela, cantora? Ela: “Foi um pouco tardio, talvez… Mas no Danças, eu sinto que já era a minha voz que o Mário tinha na cabeça…” Ele: “A João sempre me obrigou a procurar soluções musicais para corresponder à voz dela, que tem uma extensão imensa. Mas esse sentimento de escrever expressamente para um voz só foi por mim assumido no Cor, depois de uma viagem à Índia em que nos tornámos uma verdadeira dupla.” Passados todos estes anos, os espectáculos que fazem – e que “procuram sempre evitar a repetição, mesmo que nem sempre seja possível” – representam o quê um para o outro: a chegada a um porto de abrigo ou um mergulho de alto risco? Ela, intempestiva: “O risco, claro! A aventura é sempre tão boa… Eu gosto de tentar surpreendê-lo, de dar a volta que ele não esteja à espera… Noutras vezes, é ele que puxa por mim. É magnífico. E ‘alto risco’ parece-me uma bela expressão, um óptimo lema para o que fazemos…” Ele, convicto: “São sempre concertos que nos forçam a ter os sentidos alerta e, nessa medida, há algum risco. A João é tão criativa que me obriga a acompanhá-la sempre de formas diferentes. Por outro lado, nós conhecemo-nos tão bem que há sempre uma base mínima de segurança, o tal porto de abrigo. Mesmo quando as coisas não correm como nós sonhámos, o resultado acaba por ser intenso, coeso… Há algumas semanas, em Espanha, saímos de palco e a João tinha acabado de desabafar sobre a noite mais fraquinha – começaram a chegar espectadores, de lágrimas nos olhos, falando de um espectáculo maravilhoso… Nessa medida, temos sempre defesa. Mas gostamos mesmo é da provocação mútua, constante…” Da discussão nasce a luz – os dois concordam que a dupla não sabe, não quer, não pode, chegar a cair na rotina. Até porque têm sempre a hipótese de intervalos sabáticos para corresponder à necessidade de tocar com outras pessoas – depois de gravarem Tralha (2004), Mário continuou as parcerias com Bernardo Sassetti e/ou Pedro Burmester, gravou a solo (Canções e Fugas) e em trio (Espaço), Maria João repetiu a experiência docente da Operação Triunfo (uma das suas actividades como professora, “descoberta tão cansativa como compensadora”), faz workshops de voz e canto (um dos mais recentes foi na Dinamarca), foi convidada especial no disco do guitarrista José Peixoto (Pele), gravou com os austríacos dos Saxofour (Cinco) e ainda teve tempo para um imenso abraço ao Brasil (no notável João). Agora, estão de volta ao T2 (leia-se: talento ao quadrado). A efeméride dá-lhes o pretexto de voltarem aos standards deixados lá atrás. Nada em comum com Undercovers (2002), no entanto: aqui, à mistura com originais próprios, abraça-se o grande songbook americano, com Mingus, Alan Jay Lerner, Ned Washington, Johnny Mercer, Jerome Kern. Jazz. Mas é jazz o que a dupla anda a mostrar há tantos anos? Ela, com o que se adivinha ser um encolher de ombros: “Quero lá saber! Deixo isso para os académicos. A mim interessa-me que seja música feita à nossa maneira… É seguro que está impregnado de jazz, que aposta forte na liberdade do improviso. Depois, acho que é uma música mestiça – mas a base do jazz também é a mestiçagem… Sei lá! Sei que só descobres o teu lugar no mundo quando atinges o ponto de estar como queres, à tua maneira…” Ele, a quem se imagina um gesto reflexivo: “Os rótulos só me preocupam porque ajudam a arrumar os discos nas lojas. Diria que o alicerce principal, pelo que estudámos, pelo que mais amamos, será o jazz. Depois, assumimos as nossas influências – a africana, a brasileira, a popular portuguesa… Posso propor que lhe chamemos jazz étnico português, soa bem e não está mal pensado!” Em Chocolate, a que regressamos, a escolha dos standards coube a Maria João: “Fui eu, sim. Eram canções que, se calhar, tinha deixado pelo caminho mas que se manti-nham por perto. Cada vez me acontece mais, com aquilo que tenho de cantar com os meus alunos… Mas [risos] consegui até ir buscar um tema do Mário que andava escondido ou à espera, o Sweet Suite. O que eu não faço por ele [risos]… Falando a sério, o Mário teve depois um trabalho enorme com os arranjos e, claro, com as composições. É para isso mesmo que serve uma dupla, não?” Por uma vez, olham os dois em direcções opostas. Ela mira o futuro, quando se lhe pergunta “até quando?”, na sequência da enumeração das suas actividades e dos seus envolvimentos, de cansaços e êxtases, que a levam, antes, a uma conclusão singular: “Eu sou um bulldozer! A sério: à exaustão e ao caos também se pode ir buscar algo de bom. Por exemplo, eu descobri a maravilha que é dar aulas. Mas reconheço que tenho uma pedalada nada comum… Por isso, reforma só mesmo por incapacidade (longe vá o agouro). Caso contrário, é para cantar até morrer.” Ele aceita recuar perante a questão concreta: o que sente quando ouve hoje a já citada Areias de Laga, escrita há duas dúzias de anos? “Há alguma nostalgia, reconheço… Mas faz-me pensar se serei hoje melhor ou apenas diferente. Não me saiu mal, tal como outras coisas que fiz há 20 anos. Por isso, concluo que, com todas as transformações que o tempo trouxe, estou apenas diferente. Não tem nada de mal.” Nada mesmo. Parto para a provocação final: peço a cada um a escolha de uma qualidade e de um defeito, em análise ao cúmplice de 25 anos. Ele, repentinamente febril: “A Maria João tem duas qualidades enormes e indissociáveis: por um lado, o maior instinto musical que eu alguma vez presenciei, uma intensidade única para quem não aprendeu música. Por outro, a força como se apodera de um palco sempre que entra. Eu vi-a em concertos com outras pessoas, com o Joe Zawinul [ex-Weather Report, relicário do jazz] – e é ela que brilha. Tem uma chama que nunca se apaga.” Divertido: “Defeito? Ainda e sempre os atrasos… Em 25 anos, gostava de poder contabilizar os anos que passei à espera dela [risos]…” Ela, entusiasmada: “O talento, o enorme talento. Só uma dose assim lhe permite aquela generosidade de se dar, de não estar satisfeito nunca… O defeito, simples: “A casmurrice, mais do que teimosia. Quando quer, ele é um calhau!”
Via Revista Máxima

:: Pensar...



É preciso escolher um caminho que não tenha fim, mas,
ainda assim, caminhar sempre na expectativa de encontrá-lo.
Geraldo Magela

:: Fala-se de Livros...

Jacinto Lucas Pires, Prémio Europa – David Mourão-Ferreira, lança uma colectânea de vinte e dois contos, alguns dos quais inéditos. Com uma sólida carreira de dez anos, ao longo dos quais publicou quatro livros de teatro, cinco livros de ficção e um de viagens, o autor já recebeu inúmeras críticas positivas, em especial pelo seu último livro Perfeitos Milagres.
(Cotovia, 284 pp, € 16.00)
Amantes dos Reis de Portugal, de Maria Paula Marçal Lourenço, Ana Cristina Pereira e Joana Troni
Três mulheres dão voz à história nunca antes contada das amantes dos monarcas portugueses. De damas da rainha, prostitutas, barregãs, negras, escravas, cantoras líricas, actrizes, mulheres do povo a senhoras da alta burguesia, elas escondem histórias de paixões arrebatadoras, filhos ilegítimos e amores ilícitos. D. Afonso Henriques, D. Dinis, D. João V, D. José, D. Pedro IV ou D. Carlos são apenas alguns dos monarcas, cujas aventuras extraconjugais figuram neste livro. (Esfera dos Livros, 380 pp, € 22.00)

Sissi, de Catalina de Habsburgo-Lorena
A história dramática de Isabel, imperatriz de Áustria-Hungria, contada pela sua dama de companhia, com base na correspondência que a soberana manteve com a irmã. A sua intimidade, tão diferente da imagem romântica dos filmes, é posta a descoberto: a inquietude, a relação especial com o marido e o mistério que rodeia a morte do seu filho, o arquiduque Rodolfo. Enriquecido por fotografias, este livro revela-nos uma Isabel idealista e apaixonada, mas também egocêntrica e caprichosa, com uma alma torturada.
(Esfera dos livros, 250 pp, €22)


O Que Pensam os Adolescentes, de Jellyellie
Do alto dos seus 15 anos, a autora revela toda a verdade acerca dos adolescentes. Jellyellie é descrita pelo jornal inglês The Guardian como “a voz da geração MSN” e tornou-se famosa pelo seu site na internet sobre bluejacking. Para fazer este livro, entrevistou vários amigos para descobrir o que move os adolescentes. E explica o que os jovens pensam sobre a escola, os amigos, o dinheiro, as roupas de marca, o sexo e as drogas, e todos os outros aspectos da vida de um adolescente. Jellyellie mostra o que incentiva os adolescentes a cooperar com os pais e o que desperta toda a sua rebeldia.
(Europa-América, 192 pp, €14.90)


Planear uma Gravidez, de Zita West
Para os casais que querem engravidar ou têm dificuldade em conceber. Este guia em 10 passos oferece respostas às mais variadas perguntas: Como é que alimentos podem aumentar a fertilidade? Quais as opções de fertilização in vitro que existem? De que forma é possível manter a vida sexual interessante enquanto se tenta engravidar? Baseando-se nas mais recentes investigações científicas, este livro ajudará o casal a compreender o funcionamento do corpo e a concepção. (Civilização, 192 pp, € 17.98)










Dewey – O Gato que Comoveu o Mundo, de Vicki Myron, com Bret Witter





Vicki Myron, directora da Biblioteca Pública de Spencer, no Iowa, conta-nos a história de Dewey, o gato que se torna no animal de estimação desta instituição. Mas mais do que um simples animal, Dewey torna-se, ao longo de 19 anos, um amigo de todos os funcionários distribuindo gestos de agradecimento e amor. Uma história comovente de como um simples gato pode tocar a vida humana e salvar uma cidade, que lentamente se ergueu da maior crise da sua história. (Texto Editora, 280 pp, € 15.00)
As pessoas felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos...

:: Fala-se....

Mulheres, tabus & gigolos
No seio de uma França mais tradicional e habituada a tratar com elegância e savoir-faire os assuntos delicados, o filme Cliente, de Josiane Balasko, lança luz sobre um dos tabus mais bem guardados, gerando uma série de controvérsias no panorama cultural francês. O enredo conta-nos a vida de uma mulher, Judith (Nathalie Baye), apresentadora de um canal televisivo de vendas que, aos 51 anos, se vê divorciada e incapaz de refazer a sua vida amorosa. Aparentemente um lugar-comum, a polémica instala-se quando Judith decide recorrer aos serviços de um gigolo profissional. Um dos mais antigos bastiões masculinos, o da prostituição, ganha novos contornos femininos, numa perspectiva em que a mulher passa a ser a cliente e não a prostituta. Esta história parece representar uma nova realidade em França, onde a procura destes serviços floresce, em consequência da emancipação feminina e do crescente número de divórcios. Judith é caracterizada como uma mulher que controla a sua vida, os seus sentimentos e a sua vida sexual, sem pedir desculpas ou sentir vergonha. A curiosidade sobre o mundo erótico dos gigolos deu origem ao lançamento de uma série de livros e documentários sobre o tema.

:: Confesso que Vivi...


ZPX, corruptela de Zé Pedro dos Xutos, mantém-se um honorável punk de meia-idade. Depois de ter feito a viagem ao fim da noite, o mais célebre guitarrista português está a viver uma segunda vida casta, abstémia e política.

Conhecia-se a lendária faceta punk de Zé Pedro, herdeiro sentimental dos Clash e Sex Pistols. Um punk sensato, polido e erudito a quem Jorge Sampaio fez Comendador por méritos culturais. Desconhecia-se, talvez, o à-vontade de analista político.
Na hora de escrever, fica a ideia de termos aqui um Bono ou um Geldof em potência. És uma espécie de homem dos 70 ofícios. Músico, empresário, radialista…… DJ. Acho que está tudo em harmonia. Digamos que tenho feito tudo em função da música. A profissão fiscal e sentimental é músico. Neste caso, músico dos Xutos & Pontapés, o trabalho prioritário. O meu gosto pela música, pelas bandas, o andar atrás dos discos… deu-me uma formação para a minha carreira como músico.
Ainda foste jornalista.Antes de ser músico escrevi no Diário de Lisboa, no tempo do Sttau Monteiro e do Zé Cardoso Pires. Era um puto. Escrevia uns apontamentos sobre os meus discos preferidos num suplemento chamado A Mosca. Essa pesquisa serviu para criar um gosto.O punk e o rock foram acontecimentos revolucionários na tua vida?Foram. Aconteceu o clique em 1977, depois de ouvir o Never Mind The Bollocks, Here’s The Sex Pistols.
A tua biografia Não Sou o Único conta tudo ou há matérias sensíveis que ficaram de fora?Deve haver [risos]. Também faz bem as pessoas fantasiarem um bocadinho. Faz parte e da vida das estrelas do rock [risos]. Mas eu não interferi nada na escrita do livro.
A beleza maior é dizer a alguém que o meu coração lhe pertence e ouvir o mesmo de volta.”

Não sou o único Viveu várias vidas e sobreviveu para contar. Zé Pedro é hoje a imagem de um sedutor e de um homem em paz.
Creio que és o primeiro músico profissional da família?O meu pai tocava guitarra de Coimbra. Era um fadistão. Lembro-me que me passou uma guitarra para dedilhar as primeiras coisas, deu-me umas luzes de posições dos dedos e ficou-se por aí. Fui sempre um autodidacta. O sucesso cria habituação?Cria, claro. É sempre bom sermos reconhecidos pelo que fazemos. Acho que ninguém pode dizer o contrário, mesmo um tímido como eu. Achas que nasceste com a estrela na testa?Não me posso queixar de nada. Posso dizer que vivi o lema Sexo, Drogas e Rock’n’Roll e consegui estar vivo para contar.Estás a viver uma nova reencarnação, agora que não bebes, não fumas e que deixaste de ser um junkie devotado?É mesmo isso. E não lamento nada ter experimentado tudo o que havia disponível. Sinto-me bem agora, casto e abstémio, como me sentia quando passava dias sem ir à cama. Quando começaste na música e a “rockar” achaste que ias ter a esperança de vida de um nativo do Burkina Faso?
Nunca me preocupei se ia viver muito ou pouco. Queria era dizer “confesso que vivi” [como o Pablo Neruda]. E aos 50 anos, felizmente posso dizer isso com as letras todas. De que marca é o teu fígado novo? Não cheguei a comprar um [risos]. Este resistiu, apesar de muito requisitado. Esse ar de bom rapazinho contradiz a ideia de punk feroz que ainda há em ti? A ferocidade dos punks é um mito urbano [risos]. Nunca deixei de ser punk no sentido de encarar a vida, a música, seja lá no que estiver metido, como uma cena de intervenção. Não concebo a vida sem acção social, sem espírito de luta por melhores condições. Se calhar para muito boa gente o aspecto janado dos punks diz-lhes que são uma malta perigosa, que mata e esfola. O punk só quer que não o chateiem, que o deixem ser livre, sem deixar de ter um sentido de responsabilidade apurada.
O que é ser punk na meia-idade [Zé Pedro tem 50 anos]?É uma atitude. Na altura, anos 60 e 70 em Inglaterra, teve a importância que teve, motivada sobretudo por questões de inconformismo político. Foi uma coisa planeada pelo Malcolm McLaren na qual eu me revia – e num sentido ideológico e artístico continuo a rever-me. O movimento punk mudou o conceito de Arte a nível mundial. Entregou a Arte ao povo. Como é que um punk chega a Comendador?[risos] Isso foi um convite do então Presidente Sampaio que apareceu como reconhecimento de um trabalho quer dos Xutos quer de quem, como eu, tem feito tudo para engrandecer a música feita em Portugal. O Portugal contemporâneo é um filão para uma banda punk que procura a intervenção?
Há casos esporádicos que dariam letras e músicas interessantes. Cenas do futebol, da política e assim. Nós e os Da Weasel acho que temos feito esse trabalho. Mas não há uma indústria apostada em descobrir novos talentos. Abafa-se tudo o que seja irreverente. Enquanto figura pública tens responsabilidades éticas e políticas?Acho que sim. E antes disso, tenho-as como pessoa e cidadão. Não me sinto pressionado para as ter. É espontâneo.

A vida em livroEm 2007, Helena Reis, a irmã de Zé Pedro, escreveu o livro Não Sou o Único, um dos temas-bandeira dos Xutos & Pontapés. O livro começa na infância do músico, onde este mostra os seus dotes precoces de guitarrista. A escolha da música, porém, deve-se a uma viagem de inter-rail e a uma ida a um festival punk, em França. Estava-se no ano de 1977, um ano determinante para a música punk, com o lançamento de Never Mind The Bollocks, Here’s The Sex Pistols. Zé Pedro, então com 21 anos, garante que aquele festival e a passagem por Barcelona, onde viu Santana actuar, era o que gostava de fazer. “Era o meu sonho que se tornou realidade”, dirá durante a conversa com a Máxima.
Somos conservadores?Somos falsos progressistas. E temos uma atitude intrínseca que é a de fantasiar a nossa abertura de espírito quando no fundo somos adversos a mudanças. Adiamos as reformas de espírito e mentalidade, mostrando-nos mais “preocupados” com o terrorismo, a crise e a violência nas ruas cujos parâmetros nem estamos certos de conhecer. Achas que a tua geração falhou?
Falhou redondamente. A geração do 25 de Abril é tramada. Apanhámos a mudança e não mudámos nada, excepto as formas de consumismo. Depressa houve uma gula pelo poder, uma ânsia de protagonismo, uma atitude irresponsável de abandono das ex-colónias, uma incúria com o sentido colectivo que tanto prometia. Sentes-te uma pessoa influente?Não acho que tenha um estatuto especial que me dê uma autoridade moral superior à do cidadão comum. Tenho a minha quota-parte, como todos.Admiras músicos como o Bono que levam a sua voz para outras áreas de intervenção?
O Bono é incrível. Percebeu, de uma forma altruísta, que pode mexer com o Poder. Tiro-lhe o chapéu por fazer campanhas, pagas do seu bolso, como as que faz. Interessa-te esse poder de denúncia?
Não sou favorável a que as bandas usem essa função. O combate de rock faz sentido mas esgota-se nos palcos e nas palavras. Não são as bandas que alteram a ordem das coisas.Mulheres, música, poesia, punks… Há uma hierarquia?As mulheres sempre tiveram uma importância enorme na minha vida.
Tive uma ligação especial com a minha mãe, que morreu há uns anos, e as minhas cinco irmãs. Diria que todas as mulheres foram importantes no que fiz e no que faço. Não concebo a vida sem relacionamentos. Quando se está bem aqui, está-se bem em tudo. Não há uma hierarquia. Corre a fama que és um grande amante.
Ah!, é? Não sabia mas fico contente [risos].Achas que és um ídolo, uma espécie de Joe Strummer [vocalista e guitarrista dos Clash]?
Se tiver um comportamento honesto espero que se revejam em mim como eu me cheguei a rever em figuras como o Strummer. Que as minhas éticas, os meus símbolos, as minhas vivências, sejam inspiradores. Creio que com a idade e a experiência conquistei uma paz fundamental. Sendo um honorável punk de meia-idade, é nessa faixa etária que tens mais sucesso?
Todas as mulheres mexem comigo, são uma criação perfeita, mas nas relações só admito envolvimentos maiores se houver uma dádiva mútua. A beleza maior é dizer a alguém que o meu coração lhe pertence e ouvir o mesmo de volta.Já amaste realmente?Eu amo realmente. É o teu maior dom?É a maior dádiva, certamente.
Via Revista Máxima

:: Fala-se de Livros...

Histórias de Amor, de José Cardoso Pires

São quatro contos e uma novela quase desconhecidos, do autor de O Delfim, recuperando uma obra apreendida pela censura fascista em Agosto de 1952.
(Edições Nélson de Matos, 188 pp, € 19)


A Aldeia Encantada, de José Vaz
Esta história passa-se na terra das neves eternas, numa aldeia chamada Natália. É num cenário de neve pura que o autor leva os leitores a visitar aquela aldeia onde convivem, naturalmente, os seres humanos e os fantásticos que povoam o mundo, sem fronteiras, da infância.
(Âmbar, 32 pp, € 13)

A Baía do Tesouro, de Rui Sousa
Mestre Hildo e Pedrito viajam de barco até uma ilha abandonada. Ali, o mestre fala ao rapaz sobre o farol, histórias de barcos com piratas e... de um tesouro escondido.
(Minutos de Leitura, 32 pp, €9.90)

O Sentido do Gosto, de José Manuel Bento dos Santos
Neste livro pode encontrar, passo a passo, o desenrolar de cada receita apresentada no programa Sentido do Gosto, da RTP, desde as mais simples às mais complexas.
(Livros d’Hoje,400 pp, € 25.00)












Este livro integra a colecção Estamos cá para ajudar!, composta por histórias simples e originais passadas com os simpáticos personagens australianos. Transmitem os tão necessários valores da entreajuda, da generosidade, da amizade, do altruísmo, do reconhecimento das diferenças, da aceitação e da...

:: Consciência Étnica...

O preto é a sua cor. Pelo menos há 12 anos, veste-se de negro, com roupas que pouco deixam ver do seu corpo. É assim que manda a tradição cigana quando uma mulher fica viúva. E Olga Mariano, presidente da Associação para o Desenvolvimento das Mulheres e Crianças Ciganas Portuguesas (AMUCIP), prova que a tradição pode ser o que sempre foi sem parar no tempo.
“Posso ser quem eu quiser a nível profissional sem deixar de ser quem sou a nível cultural.” Voz forte, conversa fluida e postura segura, esta é uma mulher que sabe o que vale e que acredita no potencial das pessoas. Olga Mariano não tem dúvidas: quando se aposta no perfil de cada grupo – ou mesmo de cada pessoa –, e com garantia de saída profissional, todos ganham: ciganos, a “comunidade maioritária” e o país no seu todo. Acredita também que a mudança de mentalidades é essencial e deve ser feita de
ambos os lados. “Uma ponte não se faz só numa margem”, afirma.
E garante que nem tudo é mau na sua cultura, ao contrário do que muitos preferem pensar. “Temos, por exemplo, hábitos muito saudáveis. Valorizamos a idade como ponto de referência e de qualidade. Nunca pomos as pessoas de idade em depósitos de velhos. Por outro lado, na nossa comunidade, as crianças são a coisa mais importante do mundo. Não temos violadores nem pedófilos.” Na sua visão, a integração não se faz a criar guetos. “Ao contrário do que se pensa, os ciganos querem estar inseridos na comunidade maioritária e precisam de ser apoiados por terem dificuldades acrescidas, como acontece, por exemplo, no aluguer ou compra de casa.” Há muito que fazer e o caminho não parece fácil. Mas, ao contrário da roupa que veste, a sua esperança é da cor do arco-íris. Olga Mariano nem sempre teve um papel tão activo no apoio à sua comunidade. Este foi um potencial descoberto tardiamente e por acaso. Nascida e criada num ambiente tradicional cigano, casou-se aos 22 anos com um homem que escolheu. “Estive apalavrada com alguns rapazes com quem não quis casar. Com este estive apalavrada, mas gostei e aceitei o casamento”, recorda. “Não há mulher cigana que case por imposição. Isso é um mito romântico.
Mas uma mulher casar contra a vontade não tem romantismo nenhum – é uma violação dos seus direitos.” A vida de trabalho fora de casa veio depois do casamento. “Em solteiras, as raparigas ciganas trabalham apenas em casa. “Na comunidade maioritária, o investimento nos filhos é feito através da educação escolar. Nós investimos no aperfeiçoamento das filhas a nível artesanal e doméstico e na sua apresentação física para que, na altura de uma festa, vá bem preparada, bem penteada e vestida, e, assim, possa ser candidata a um bom casamento.” Depois de casadas, muitas acompanham o marido na sua actividade profissional e boa parte trabalha na venda ambulante. Olga Mariano não foi excepção. Trabalhou durante 30 anos no comércio de rua com o marido. “Os meus filhos foram criados na praça, como as crianças ciganas normalmente são.” A doença do marido afastou-a do comércio. Em três anos, tudo o que construiu durante 30 foi por água abaixo e teve de recorrer ao rendimento mínimo garantido. Recebia cerca de 30 mil escudos (150 euros) para ela e os três filhos. Ao fim de seis meses foi chamada para se inscrever num curso de formação profissional. É nesta altura que descobre novos caminhos. “Éramos cerca de 30 mulheres ciganas e não sei quantas de origem africana”, recorda. De entre estas mulheres apenas 11 africanas e cinco ciganas preencheram os requisitos para frequentar aquele curso profissional. Olga Mariano era uma delas. “Eu andava demasiado cansada com o processo da doença e morte do meu marido. Mas havia um aspecto que me obrigou, entre aspas, a frequentar este curso: a bolsa era de quase 70 mil escudos. E eu tinha de dar de comer aos meus filhos.” A formação acertou em vários pontos. Os temas foram interessantes – cidadania, português, legislação, mundo actual, entre outros – mas o cuidado com algumas especificidades do grupo foi essencial. A certa altura, houve uma separação de módulos: as ciganas foram para mediadoras socioculturais e as africanas foram para a acção do quotidiano. “Na nossa comunidade, as mulheres não podem mexer no corpo do outro, principalmente no do homem. Por isso, nunca poderíamos trabalhar num lar. A entidade que promoveu o curso entendeu isso e fez a separação.” Do fim da formação à criação da AMUCIP por Olga Mariano e as outras quatro mulheres ciganas que frequentaram o curso foi um salto. “O grande objectivo foi criar um espaço aberto num bairro social onde pudéssemos ter crianças ciganas em conjunto com crianças não ciganas para fomentar a inclusão e nunca a exclusão. O segundo objectivo era minimizar o absentismo escolar por parte dessas crianças e incentivar que as meninas que tivessem sido retiradas do percurso escolar retomassem os seus estudos, por via directa ou indirecta – através de acções de formação que ao mesmo tempo lhes dessem uma equivalência. E o terceiro objectivo era fazer a conciliação entre a vida familiar e profissional das mulheres ciganas. Dar-lhes mais autonomia e alguma qualidade de vida.” A partir da definição destas metas, o trabalho faz-se no terreno. E nada como cinco mulheres ciganas para saber como caminhar neste território. A Câmara do Seixal cedeu-lhes uma casa e a Fundação Montepio Geral deu-lhes meios para a arranjar. E, então, deram início ao passa palavra, que é a sua forma de acção. Assim têm chegado não só às mulheres e crianças mas à comunidade em geral. Procuram criar condições de evolução e inserção para o seu grupo, mas também trabalham a divulgar a cultura cigana a nível das escolas, dos técnicos de inserção social e de quem mais se interessar. “Conheçam-me antes de me odiarem” é um dos seus lemas. A AMUCIP tem actuado a nível de vários projectos em conjunto com a Câmara e com outras entidades locais, nacionais ou europeias. Por exemplo, no projecto P’lo Sonho é que Vamos – que está na sua fase final –, trabalharam com a Direcção-Geral para os Assuntos Consulares e o Centro de Estudos para a Intervenção Social. Foi uma soma de experiências que resultou e foi reconhecida através de prémios a nível regional e nacional, e de uma medalha de mérito oferecida pela autarquia. “Isso fez com que tivéssemos ainda mais prazer no que estávamos a fazer. Estávamos no caminho certo. Era o que pretendíamos: não deixar de sermos quem somos, mas podermos ser qualquer coisa mais além. Juntar outros conhecimentos, outras ferramentas.” Nesta fase em que se encontra o projecto, o objectivo é disseminar a experiência, tentando que outras autarquias criem grupos de trabalho semelhantes nas suas jurisdições.

lunedì

:: Minuto de Sabedoria...

A escuridão é simplesmente a ausência de luz. Mas a fonte para iluminar o caminho está bem próxima: dentro de nós.
Somos seres de luz.
Quando conseguimos acender a percepção das nossas qualidades, todo o cenário se transforma.
A vida adquire novas nuances.
A alma humana se inunda de beleza

:: Fala-se de Livros...

Querido Frank, de Nancy Lloran
Neste inovador romance histórico, factos e ficção misturam-se de modo fascinante. A voz narrativa é entregue a Marnah Borthwick Cheney que, no princípio do século XX, foi amante do famoso arquitecto Frank Lloyd Wright.
(Difel, 480 pp, € 18.90)
Divas no Divã, de Catherine Siguret

Josephine Baker, Simone de Beauvoir, Maria Callas e Marlene Dietrich, entre outras, marcaram o século XX pela sua beleza e talento. Mas uma difícil relação consigo próprias foi muitas vezes o preço a pagar por tanto sucesso.

(Caleidoscópio, 266 pp, € 16)

Doces, Compotas e Conservas, de Thane Prince
Um livro repleto de imagens sugestivas de mais de 150 receitas de compotas, doces, geleias, conservas, chutneys, molhos e picles, para que possamos conservar o que cada estação do ano nos oferece em abundância.

(Civilização Editores, 224 pp, € 19.99)


Tarte de Mamute, de Jeanne Willis e Tony Ross
No cimo da montanha vive um gordo mamute. Lá em baixo, no vale, vive um homem das cavernas esfomeado que, ao olhar para o mamute, imagina uma tarte deliciosa. Mas transformar um mamute numa tarte não vai ser tarefa fácil para o nosso herói.



(Livros Horizonte, 32 pp, € 13.08)




O Grande Livro dos Chefs, de Fátima Moura
Reúne alguns dos mais conceituados chefs que actualmente trabalham em Portugal. Trata-se de um álbum ilustrado com cerca de 200 páginas, coordenado por Fátima Moura e com fotografia de Nuno Correia. Cada capítulo é dedicado a um chef, incluindo uma curta entrevista, dados biográficos, o desenvolvimento de um tema de culinária e ainda um conjunto de receitas. Fausto Airoldi, Luís Suspiro, José Avillez, Vítor Sobral e Henrique Sá Pessoa são alguns dos nomes que figuram neste livro.

(Quimera, 192 pp, € 39.50)




Doce Vida, de Luís Baena
Um conjunto de receitas às quais é impossível resistir. Bomba de chocolate, Pudim à Abade de Priscos, Tarte de amêndoa do Algarve, Sericá, Sorvete de manga, Encharcada, Fatias douradas de bolo-rei, Mousse de chocolate branco, Panna cota, Pastel de nata, Queijadas da Tia Jica são algumas das sobremesas disponíveis neste livro, onde a tradição é reavivada e reinventada com novas criações pela mão de um dos mais prestigiados chefs portugueses. E mais: truques e dicas fundamentais para que as receitas saiam perfeitas.
(Esfera dos Livros, 192 pp, € 25)

Nutrição, Exercício e Saúde, de Pedro Teixeira, Luís Bettencourt Sardinha e J. L. Themudo Barata
Idealizado e escrito por alguns dos melhores especialistas nacionais nas áreas da nutrição, exercício e saúde. Dirige-se ao estudante e ao profissional do sector, mas pode também dar boas pistas a quem queira compreender melhor a relação entre alimentação, actividade física e saúde. Trata-se de um texto de leitura agradável, detalhado do ponto de vista científico mas repleto de exemplos.
(Editora Lidel, 440 pp, € 39.95)

Sempre Jovem, de Michael Roizen e Mehmet Oz
Mais um livro da série YOU. Nesta edição, os médicos Michael F. Roizen e Mehmet C. Oz explicam com humor e muita ciência o efeito que a passagem dos anos tem sobre o nosso corpo. Contam curiosidades, quebram mitos, apresentam soluções práticas para problemas concretos e revelam o Plano YOU de 14 dias – um programa completo, a nível de alimentação e exercícios, que nos dará mais anos de vida… e mais vida aos anos que temos.

(Lua de Papel, 480 pp, € 15.00)

















Mulher 50 ± 10, de Isabel do Carmo, J. L. Themudo Barata, Manuela Paçô, Maria João Fagundes
Para enfrentar sem dramas a chegada da maturidade. Uma endocrinologista, um especialista em medicina desportiva, uma dermatologista e uma psicóloga abordam temas como a intimidade feminina e a nutrição, a importância da actividade física para uma vida saudável, a melhor maneira de tratar a pele madura, a auto-estima, a depressão, o sexo, o trabalho, o amor e muito mais.

:: Sair das Trevas....




Em busca da felicidadeRobert Downey Jr.venceu os demónios que em tempos o perseguiram. Agora está em paz

Durante muitos anos, Robert Downey Jr. foi objecto de pena e de troça como um homem em constante reabilitação e reincidência numa vida de drogas e devassidão. Mas uma pesada pena de
prisão e o amor de uma mulher trouxeram-no de volta a coisas maiores da vida e ao trabalho.
O sucesso de Homem de Ferro, a primeira aventura de Downey
no campo dos êxitos de bilheteira de Verão, valeu-lhe de novo as boas graças de Hollywood. Agora, com um outro sucesso a estrear,
a comédia Tropic Thunder, o talentoso actor provou a si próprio
ser capaz de dominar ainda um outro género de filme. Será que Robert Downey Jr. encontrou finalmente o seu lugar ao sol?
“Sinto que escapei ao mundo das drogas e que construí para mim uma vida nova e radiosa”, diz, com ar sonhador.
“Há cinco ou seis anos, apercebi-me da iminência do perigo.
Sabia que a festa tinha acabado. Estava na hora de eu sair das
trevas e encarar a realidade.”“A minha história com as drogas era um caso de usar toda e qualquer racionalização para justificar o facto de não estar a viver com verdade.
Mas apaixonei-me por uma bela mulher e ela salvou-me.”Na verdade, o casamento de Downey com a produtora Susan Levin revelou--se um passo vital para que o talentoso actor se mantivesse limpo e sóbrio nos últimos anos, permitindo-lhe cumprir a extraordinária promessa que ele se revelara ser no início da sua carreira com papéis em filmes como Less Than Zero (Menos que Zero) e Chaplin, tendo-lhe este último valido, em 1992, uma nomeação para um Óscar.
Só que depois disso, Downey foi apanhado nas malhas das
drogas e do álcool numa espiral que o levou a ser detido por conduzir nu o seu Porsche, acordando depois em casa do vizinho, depois de uma noite de excessos alimentada a heroína, e acabando por ser condenado a um ano de prisão por violação das regras de liberdade condicional da sua enésima condenação por posse de droga.Todavia, desde 2003 que este rapaz mal comportado de Hollywood encontrou uma nova forma de viver, rodeando-se de personal trainers e de terapeutas, tendo ganho uma nova perspectiva e um novo objectivo na vida ao lado da sua segunda mulher, Susan Levin.

“Fiz algo que a maior parte das pessoas pensava que eu nunca faria. Tornei-me o super-herói de um filme de acção!”
Em cima, em Zodiac. Ao baixo, em Homem de Ferro, e em Tempestade Tropical.

Este parece estar a ser um excelente ano para si.
Está confiante que a sua vida está a correr como pretende?
No meu caso, renasci das cinzas porque, em determinada altura, comecei a acreditar na possibilidade de vencer coisas
aparentemente impossíveis.
Mas eu não sou nenhum modelo de bom comportamento e recuperação para Hollywood. Sou apenas um tipo que sabe que
tem muito por que estar grato… Tenho também plena consciência
de que é um processo que nunca estará concluído.
De que forma a sua mulher, Susan Levin, o ajudou no seu processo de recuperação?
Bem, nós somos uma dupla, está a ver? Estamos apaixonados um pelo outro, estamos casados e cuidamos um do outro. A minha cultura é bastante incompleta e ela lida com isso com toda a paciência. É o tipo de mulher que sempre tem uma boa noção do mundo. Depois vem a minha história. Nós completamo-nos.
Ela diz-me sem rodeios: “Sabes, uma coisa que a maior parte das pessoas não compreende é que em cada relação só pode haver uma estrela rock. Felizmente, eu não quero ser uma estrela rock.
” Isso também ajuda. O amor é uma coisa séria e na nossa relação
o que nós pensamos é: “Pronto, fico-me por aqui, esta é para toda a vida.” Isso quer também dizer que é para a morte e nenhum de nós quer que este sentimento se dissipe. Na luta com a dependência, quando é que sentiu que tinha finalmente dobrado a esquina?Primeiro ponto, essa esquina é interminável… Mas as coisas começaram a mudar quando conheci a companheira da minha
vida, a Sr.ª Downey [Susan Levin]. Ela disse-me:
“Não vou dançar esta dança das drogas contigo. Vou estabelecer
um limite.” Ela foi muito clara. Não quer dizer que outras
mulheres, parceiros de negócio, realizadores de cinema,
companhias de seguro, juízes e agentes da lei não tenham também sido bastante claros quanto a isso! [Ri] O facto é que antes de conhecer a Susan, eu, pura e simplesmente, não ligava nenhuma.
Ela disse: “Vamos construir uma relação que funcione e que perdure.” Eu acreditei nela. E fomos arrebatados nessa promessa. O estrondoso êxito de Homem de Ferro voltou a colocá-lo na lista A.
É agradável essa posição?Já estava cansado de me fartar de trabalhar em filmes que ninguém vê. Agora fiz algo que a maior
parte das pessoas pensava que eu nunca faria. Tornei-me o super-herói protagonista de um filme de acção! Fui atrás do Homem de Ferro porque o Keanu Reeves ficou com o Matrix e o Johnny Depp com o Piratas das Caraíbas. Estava a olhar para os três cartazes dos filmes que vi com o meu filho e pensei: “Bolas! Eu era capaz de fazer isto!”Aparece também num outro grande filme, Tempestade Tropical, onde surge com a cara preta porque a sua personagem é um actor de método que tinge a cara para parecer um negro.
O que é que o levou a aceitar fazer este tipo de comédia?
Achei que era um filme que Peter Sellers talvez tivesse experimentado. O que acontece com Tempestade Tropical é
que é uma tremenda confusão.
E eu não estou a representar o papel de um preto. A minha personagem é um actor de método australiano que representa
o papel de um preto que mandou mudar a cor da pele em
Singapura. Quando as pessoas ultrapassarem de facto as duas primeiras
sílabas dos seus próprios comentários e prestarem atenção à história vão adorar. É uma paródia à elite cultural de Hollywood, sobre actores que pensam que estão a fazer aquele importantíssimo filme sobre o Vietname, apesar de serem todos uns idiotas.
Não há no filme nenhuma personagem cuja inteligência seja digna de nota!
Para além da enorme aclamação e do sucesso financeiro de Homem de Ferro, acha que estes filmes vão fazer com que as pessoas esqueçam o lado obscuro do seu passado?Ó homem, isso já foi no século passado. Felizmente, Homem de Ferro é um acontecimento suficientemente excitante para a maior parte das pessoas e como
que eclipsa aquilo de que todos os jornalistas querem falar, que
é as cinco coisas mais estúpidas ou os cinco momentos mais deprimentes da minha vida. Devia haver uma lei internacional
que o impedisse, porque é mesquinho e fútil e a maior parte das pessoas é muito mais interessante do que apenas os seus pontos mais obscuros.O que é que acha de os meios de comunicação social estarem hoje tão centrados nas acções condenáveis das celebridades?É um processo de investigação para o inconsciente colectivo. É como se certas coisas um bocado estranhas se tivessem tornado um elixir para consumo público. Essa ideia de reverência que se tinha dantes para com as estrelas de cinema. Costumava acontecer que, se nos metíamos em sarilhos, a coisa era abafada, porque nós éramos a realeza. E essa realeza baseava-se em algo
que representávamos para as pessoas, e num serviço que prestávamos e que era, de algum modo, de grande importância. Agora, no que diz respeito à grande importância da celebridade, é muito óbvio que já não precisa basear-se em mérito…
Isto é um sacana de um mundo carnívoro, assustador. [Ri]
“Talvez o objectivo deva ser uma vida que valorize a honra, o dever, um bom trabalho, os amigos e a família...”

Depois dos anos de excessos, Robert Downey Jr. consegue agora manter a distância entre o mundo do cinema e a vida real.
Amigos seus, como o Sean Penn e a Jodie Foster, tentaram ajudá-lo. Sente que o seu sucesso hoje é uma forma de validar a fé que eles tinham em si quando você próprio não a tinha?
Em relação a isso ainda há muitos pratos a girar, porque tem a ver com uma série de outras coisas mais importantes sobre autoconfiança e confiança em Deus. Mas eu deixo-os continuar a girar porque não sei qual deles é que vai lixar tudo quando cair ao chão. A Jodie Foster mandou--me recentemente um e-mail em que falava em como eu devia desfrutar desta parte da jornada
– mas que não devia trabalhar tanto que me impedisse de
apreciar o ponto a que tinha chegado! Portanto, tenho de ter
mais fé no mundo, no meu trabalho, na minha condição de pai e na minha feroz fidelidade no casamento. Já não há nenhuma razão
para que alguma coisa me chateie. Nada muito importante, nada
que se compare àquilo por que já passei. Portanto, agora sei o que fazer. Como é que reage às pressões de ser transformado num mito, como já foi no passado e voltou a ser agora?Relativamente às pressões de ser um mito, devo dizer-lhe que me tornei mais Harrison Ford em relação a tudo isso. Distingo a minha vida da minha carreira. Sei como foi pouco saudável a minha auto-estima e o meu desejo de ser o centro das atenções.
A sua carreira descolou cedo e teve um romance famoso com Sarah Jessica Parker. Como é que hoje vê essa relação?
Nessa época tinha muito aquela atitude de pós-adolescente, pseudo-niilista, punk-rock rebelde. Achava-me muito mais fixe do que as pessoas que estavam realmente a construir as suas vidas e as suas carreiras. Gostava de beber e tinha um problema de drogas, e isso não condiz com a Sarah Jessica, porque ela não tem mais nada a ver com essa onda. Tentou ajudar-me.
Ficou superchateada porque eu não arrepiei caminho e não a censuro por isso. Eu estava a ganhar imenso dinheiro, mas era caprichoso e irresponsavelmente indisciplinado e, a maior parte
das vezes, estava alegremente anestesiado.Apesar de todos os problemas que tiveram, ainda viveram juntos durante sete anos… [Separaram-se em 1991]Eu estava muito apaixonado pela Sarah
mas, claramente, o amor não bastava. Eu tinha de me ir embora.
E depois de algum desgosto, ela formou finalmente o seu lar com uma grande estrela. Matthew [Broderick] é muito mais dotado e terra--a-terra do que eu alguma vez fui. Teve uma outra relação séria, com a modelo Deborah Falconer, de quem tem um filho
[Indio, agora com 14 anos]…O casamento e ter um filho foi provavelmente o que me impediu de descarrilar completamente. Mas não foi o suficiente para endireitar o barco. No entanto, o produto desse tempo que passámos juntos é um filho incrivelmente dotado. Como pai, acho que o meu trabalho é fazer o que está certo
– prepará-lo para o que está ao virar da esquina na vida.O que é
que acha que está ao virar da esquina na sua vida?
Para mim, trata-se de assentar os pés na terra e viver o dia-a-dia. Estou a aprender o negócio de construir uma vida. Em vez de obter compensação instantânea, ficando pedrado, obtenho o possível
com o meu trabalho e a minha vida. Dantes eu estava convencidíssimo de que o objectivo era a felicidade e, no entanto, durante todos esses anos em que corri atrás dela, era infeliz. Talvez o objectivo deva ser uma vida que valorize a honra, o dever, um bom trabalho, os amigos e a família... Talvez a felicidade venha daí.
Via Revista Máxima

:: Pense!...



O que você ganha em se sentir diante de um inimigo que sofre?
O que você ganha sonhando com a infelicidade dele?
Essa mera vontade não terá nenhum impacto sobre a vida dele, mesmo que pareça que o desgosto e a aflição que o atingem sejam uma resposta ao que você deseja.
Dalai Lama

venerdì

:: Gian Franco Scaramuzza...



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:: Nicole Hyde...





















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:: Fala-se de Livros...


A Filosofia Segundo Seinfeld,
coordenação, de William Irwin
Que pode haver de comum entre um grande sucesso da TV e a Filosofia? É o que, neste livro tão divertido como profundo, nos dirão 13 autores. (Estrela Polar, 232 pp, € 16)
Longe da vista, perto do coração, de Jean-Laurent Caillaud
No princípio há uma placa, numa rua de Paris, a assinalar o fuzilamento de um rapaz de 19 anos pelos ocupantes alemães, em plena II Guerra Mundial... (Publicações Europa-América, 92 pp, € 11.50)


A Metamorfose das Plantas dos Pés,

de Catarina Nunes de Almeida
É constituído por três capítulos: a metamorfose da planta dos pés, corpo floresta e a descoberta do fogo. Uma poesia que é uma orquestra para os sentidos. (Deriva, 56 pp, € 12)


Diário de uma Dona de Casa Desesperada, de Sue Kaufman
Quando Bettina descobriu até que ponto estava enredada na armadilha de um casamento demasiado perfeito, era demasiado tarde. Reedição de um best seller. (Editorial Presença, 292 pp, € 17)



Os outros Caminhos do Mundo, de Clara Pinto Correia

Viagens em locais marcados pelo secretismo: Jordânia, Ilha da Páscoa, Moçambique, Austrália, México, Los Angeles, Argentina, Jamaica e a antiga União Soviética. (Oficina do Livro, 194 pp, € 15)




Comer sem Pensar
Comer sem Pensar, de Brian Wansink (Sinais de Fogo, 264 pp, € 19.80). O que nos influencia na hora de comer? Este não é um
livro sobre dietas, mas é fundamental para quem quer tomar consciência da dinâmica escondida por detrás dos hábitos alimentares. Psicólogo da nutrição, o autor analisou tudo o que
nos influencia quando comemos e agora ajuda os seus leitores a fazer as escolhas mais conscientes e agradáveis à mesa, no supermercado, no local de trabalho, ou em qualquer outro sítio
por onde satisfaçam o seu apetite.

Manual da Super-Mulher
Manual da Super-Mulher, de Colinda Linde (Sinais de Fogo, 224 pp, € 18.00). Gerir os diferentes papéis desempenhados pela mulher do séc. XXI – esposa, mãe, trabalhadora, amiga… – é uma tarefa digna de um super-herói. A autora apresenta, de forma prática e divertida, a solução para encontrar o equilíbrio essencial para o bem-estar físico e emocional. Ensina como lidar com o stress, como gerir melhor o tempo, como desempenhar múltiplas tarefas e como aproveitar ao máximo os recursos disponíveis.






A Geografia da Felicidade
A Geografia da Felicidade, de Eric Weiner (Lua de Papel, 384 pp, € 15.00). Uma viagem à aventura por quatro continentes, sempre com um objectivo em mente: perceber se a felicidade está nas pessoas ou se está nos lugares. As conclusões a que o autor chega, sempre apoiado nos mais recentes estudos e dados sobre a felicidade, são surpreendentes







Madalena, História e Mito, de Helena Barbas
Ao longo dos séculos, Maria Madalena foi atraindo a si acontecimentos e narrativas que levaram à criação de uma lenda e depois de uma biografia imaginária. (Ésquilo, 262 pp, €22)








O Sexo depois dos Filhos
O Sexo depois dos Filhos, de Jill Savage

(Editorial Magnólia, 224 pp, € 17.85). Uma conversa de mães
para mães sobre como manter a intimidade viva.
Um livro prático, divertido e cheio de sentimento, que poderá ajudar a superar frustrações e desilusões e recuperar a
intimidade, a espontaneidade, o prazer e a paixão no casamento.